Propondo aqui discussão para uma pequena atualização do Diagrama 1 da “Nota Técnica SEI nº 2068/2015-MP”, com foco nos dados cadastrais oferecidos por agentes municioais (prefeituras e câmaras municipais) e no potencial lobby da comunidade de dados abertos por oferta de dados abertos nas prefeituras.
Seguindo passo a passo o fluxo ilustrado, sugerindo ações proativas com base na experiencia do Instituto AddressForAll:
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Se parece dado publico nao-original, pedir para a prefeitura confirmar se o dado foi mesmo cedido por terceiro ao dominio publico.
Por exemplo um mapa antigo do IBGE ou do OpenStreetMap, reutilizado pela prefeitura sem citar a fonte. -
Se a prefeitura alega que o dado foi produzido por ela (dados originais), solicitar metadados relativos a sua proveniencia: cadastros, atos oficiais, etc. sao automaticamente (conforme legislacao vigente) de domínio público.
PS: quando a legislação municipal não for clara, solicitar que, para dirimir quaisquer controvérsias oriundas de lacunas ou ambiguidades, “dediquem como CC0”. -
Se a prefeitura alega que é um dos “demais casos” (a prefeitura “produziu” apenas adaptando dado existente de autoria de outro agente), solicitar comprovacao a autoria da fonte reutilizada, ou seja, por quem foi produzido o dado-fonte.
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Se foi produzido por agente público, em geral a licenca nao eh clara, pode-se solicitar que “forcem para CC0”. Importante explicitar alguma licenca, nao deixar “no limbo”.
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Se a autoria é de terceiro (ex. empresa produtora de mapas como a Emplasa) ainda eh possivel solicitar aa empresa que se solidarize emitindo uma licenca CC0.
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Notas e explicacoes para o leigo:
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sobre o item 1, sabemos que um livro de Machado de Assis escrito em 1881 é de dominio publico… Mesmo assim o cidadao comum nao é obrigado a saber, e ajuda muito quando quem oferece o download da obra explicita o fato, atraves da Marca de Dominio Publico (PB-mark)… Mas isso e muito raro no Brasil. Nas prefeituras isso exigiria tambem um mutirao por parte dos advogados (procuradores) da prefeitura, pois so eles podem “assinar embaixo” desse tipo de parecer.
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Apesar de CC0 e PB-mark concederem o mesmo grau de liberdade para o usuario final (ambos sao “familia CC0”), apensas CC0 é a rigor uma licença. Atribui-se PB-mark quando essa liberdade esta implicita por alguma lei ou interpretacao de leis.
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Sobre os diversos tipos de licença, porque queremos CC0?
Se a pergunta final nao lhe pareceu obvia, e se a resposta nao lhe parece simples, sinal que faltou explicar melhor por aqui… Aqui vai uma tentativa de resumo didatico.
Mensagem principal: o que queremos das prefeituras sao dados com licenca da familia CC0!
Conceitos: toda licença é como um contrato entre o autor e o leitor — ou entre o detentor dos dirietos autoriais da obra, e o usuario final. O custo de ler um contrato desses inviabiliza seus objetivos de “libertar o uso”, por isso recomendamos adocao de licenças livres padronizadas… Memso assim sao muitas, o melhor é pensarmos em “familias de licença”, ilustradas abaixo numa escala de graus de liberdade de uso.
Justificativa. A exemplo da Wikidata.org, dados publicos precisam ser CC0 para serem gerenciaveis coletivamente e reutilizaveis para todas as finalidades — o mais timido CC-BY ja “quebra as pernas” do dataset… Portanto, apesar de dados do governo poderem ate ser de terceiros (como dados da ABNT ou da ABL que recebem apoio da administracao publica mas nao sao publicos), isso causa impacto no “ecossistema dos dados abertos”, nao é o que queremos.
Na ilustracao acima as diversas “familias de licenca”, destacando aquelas aceitas como abertas. Na pratica, para dados espaciais e cadastrais, so é interessante a familia CC0.